segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A face de Michael Jackson


Jackson não só gravou, como compôs várias músicas de conteúdo humanista e empunhou a bandeira humanitária que pautou sua vida nos últimos 25 anos: A face coerente de um homem-astro que a mídia não se interessou em divulgar, pois o positivo não dá Ibope nem vende jornais.

Após sofrer acidente com queimaduras por fogos de artifício durante as gravações de um comercial da PEPSI, em 1984, Michael recebeu uma indenização de US$ 1,5 milhão, integralmente usados para a criação do Michael Jackson Burn Center, um centro de recuperação para crianças vítimas de queimaduras. Foi para esse centro que ele comprou a câmara de oxigênio e se deixou fotografar dentro dela.

No mesmo ano, os lucros da turnê “Victory Tour”, ainda cantando com seus irmãos, foram totalmente doados para instituições de caridade.

Em 1992, gravou Heal the World (cure o mundo), mesmo nome da Fundação que criou para gerenciar campanhas humanitárias encabeçadas por ele. Em fevereiro, durante coletiva no New York Radio City Music Hall, em Nova York, Michael anunciou uma nova turnê mundial para arrecadar dinheiro para a fundação, que combatia a propagação do HIV, o diabetes juvenil e apoiava outras fundações, como a Ronald McDonald e a Make a Wish. Todo o lucro da World Dangerous Tour, que quebrou todos os recordes de vendagem, de execução e de público, foi doado à instituição.

No ano seguinte, na cerimônia da posse do presidente Bill Clinton, cantou Gone too soon (Acabou tão rápido), também de sua autoria, chamando a atenção do mundo para a questão das vítimas do HIV, assunto que, àquela época, ainda era tabu no mundo.

Em 1994, doou US$ 500 mil à fundação que leva o nome da amiga, a Elizabeth Taylor’s Aids Foundation. Mais do que ajuda financeira, Jackson levava o conforto da sua presença em visitas secretas a hospitais e orfanatos, e mantinha quartos com equipamentos hospitalares em seu rancho, na Califórnia, para que crianças em estado terminal pudessem visitá-lo, por acreditar que a alegria ajuda a amenizar a dor.

Além de doar milhões para as vítimas e transportar 46 toneladas de suprimentos a Sarajevo (1994), local devastado por guerra, Michael também doou US$ 120 mil para pagar o transplante de fígado a uma criança abandonada em orfanato.

Após sua segunda visita à África e seu encontro com Nelson Mandela, Michael convocou cerca de 40 artistas de renome no mundo da música para a gravação de um compacto e um clip com todos os direitos autorais cedidos à ajuda humanitária contra a fome naquele Continente. We are the world (nós somos o mundo), composição sua em parceria com o amigo e compadre Lionel Ritchie (letra de Michael, piano de Lionel), angariou cerca de 50 milhões de dólares para as vítimas da fome na África.

They don´t care about us (eles não se preocupam conosco) fala da violência da polícia e dos poderosos contra os pobres e os povos de outras raças. Esse clip foi gravado em várias partes do mundo de maneiras diferentes. No Brasil, em 1996, Michael gravou na favela do Morro Dona Marta, Rio de Janeiro; e no Pelourinho, em Salvador, acompanhado pela banda “Olodum”. Novamente, todos os direitos autorais de Michael, que produziu e bancou o projeto sozinho, foram cedidos para causas humanitárias, principalmente na Índia e na Nova Zelândia.

Michael & Friends foi outro projeto humanitário que consistiu em uma série de concertos beneficentes, dentro dos territórios americano e europeu, com a participação de vários artistas famosos, durante todo o ano de 1999.

A ação de Jackson ia além de cantar e assinar cheques de doações. Discursava pelo mundo todo, exortando pessoas comuns e pessoas poderosas para a miséria do Planeta (Man in the Mirror, Heal the World, Can You Feel It, You’re not alone, The lost Children, Little Susie), para a infância roubada às crianças (Childhood), para os abusos contra a natureza (Earth Song), para a violência generalizada (They dont care about of us), para o racismo e para o preconceito (Black or White). Exortava, inclusive e principalmente, o seu próprio País, os Estados Unidos.

Em 2000, Michael Jackson foi eleito o “Artista do Século” e o “Artista do Milênio”, deixando para trás ícones como Elvis Presley, Frank Sinatra, The Beatles, e outros. No mesmo ano, entrou para o Guiness World Records por ser o maior mantenedor de organizações humanitárias do planeta. Em 50 anos de vida e 44 de carreira, foi o único na história a receber 13 inscrições no Guiness World Records.

No Rancho Neverland, além da residência pessoal, Michael mantinha um parque de diversões completo, um mini-zoológico, salão de jogos, várias piscinas naturais, uma enorme mesa com oitenta assentos ao ar livre, quartos especiais para crianças enfermas, etc. Semanalmente, seus furgões saíam na periferia pobre de Los Angeles para recolher crianças carentes (junto com um acompanhante) e levar para o Rancho, onde passavam o dia brincando, se alimentavam, ganhavam brinquedos e eram levadas de volta para suas casas. Crianças da Fundação Heal the World, crianças de rua... Todos brincavam e comiam juntos. Segundo o jornalista britânico Jonathan Morgallis, milhares de crianças visitavam o Rancho anualmente.

“United we stand: What more Can I give?” (Estamos unidos: o que mais eu posso dar?) é uma canção composta por Jackson para ajudar as vítimas dos ataques de 11 de setembro, nos Estados Unidos, em 2001. Foram arrecadados cerca de dois milhões de dólares através da venda de mais de 46 mil ingressos para três concertos beneficentes. O mesmo se deu por ocasião do tsunami ocorrido na Ásia, em dezembro de 2004. Nessa época, Michael estava doente, enfrentando um duro processo judicial, mas não se furtou em passar dias em um estúdio, gravando uma música junto com os irmãos, para arrecadar fundos às vítimas daquele horrível desastre ecológico. Em agosto de 2005, foi a vez do socorro às vítimas do furacão Katrina, na Califórnia.

Discursou para os acadêmicos da Universidade de Oxford, em 2002, no lançamento da Fundação Heal the Kids (cure as crianças), da qual Nelson Mandela foi um dos conselheiros, e cujo objetivo era uma campanha mundial exortando os pais a passarem mais tempo útil com seus filhos. Para Jackson, o mal do mundo estava na falta de amor e atenção às crianças – desamor do qual ele foi uma grande vítima.

Como último legado de COERÊNCIA com o seu nível de Ser e com a missão que desenvolveu na Terra, Michael deixou, em testamento, 20% de todo seu patrimônio para instituições de caridade que cuidam de crianças.

Esse texto não traz a intenção de saudosismo ou endeusamento, mas uma expressão de justiça e reconhecimento de um ser humano honesto e trabalhador que teve sua vida pessoal e sua carreira estilhaçadas pela imprensa sensacionalista e pela omissão da imprensa séria. A Imprensa matou Michael Jackson várias vezes.

Fonte:

Olhar para ele era ter que encarar nossos limites - Por Andréa Luiza Bucchile Faggion



Eu não sei se ele era louco, só que era a minha loucura. Obviamente, nunca lidei bem com isso. Minha mãe sempre me conta a mesma história: como era impossível me tirar da frente da tv quando eu tinha 2 ou 3 aninhos, e os clipes de Thriller que iam chocando o mundo um a um, quase tanto quanto a notícia de ontem. Particulamente, minha primeira lembrança é mais tardia. Eu cantarolava Bad no caminho para a escola primária. Disso lembro bem… Um dia, quando eu estava pelos 12 ou 13, vi a notícia de que o clip de Black or White (BOW) iria fazer sua estréia em rede mundial. O mundo ia parar! Os brasileiros, diante do Fantástico. Estava na casa do meu avô com a família. Implorei para irmos logo embora para eu não correr o risco de perder a oportunidade de gravar o acontecimento. Naquele tempo, eu acompanhava tudo pelos jornais impressos e revistas (eu tinha um acordo com a dona da banca, ela me deixava folhear todas as revistas e eu comprava todas em que ele aparecesse). Engraçado! As matérias eram sempre ofensivas. Nada desse endeusamento desenfreado com o qual vocês estão sendo bombardeados agora. Lembro bem de uma reportagem que tirava sarro do clip seguinte a BOW: Remember the Time. O tom não era só jocoso, era rancoroso. Eu tomei a ofensa como pessoal, sei lá por que diabos, mas dei de ombros e recortei a foto. Guardo até hoje. Foi uma das primeiras. Talvez a segunda. A primeira mesmo foi uma que guardei com a maior vergonha, e só por consideração à minha tia. Ela recortou do jornal e me entregou: “é dele que você tanto gosta, não?” Eu guardei dobradinha no porta-moedas da carteira. Tenho-a até hoje: com as dezenas de marcas de dobras.

Naquela época, não existia internet. Coisa comum em casa era o grito: “Miiiichaaaeell”; vindo de alguém da sala. E lá vinha a Andrea trombando em todos os móveis para pular desesperada na frente da TV. Acabava a matéria, dane-se se falassem mal, eu dizia toda feliz: “eu vi ele, eu vi ele”. É, com o erro assim mesmo, era assim que saía. Tinha virado a brincadeira da família (que parou para chorar junto comigo ontem).

Porém, um dia, vi no jornal que a tal da internet tinha um site com notícias dele. Era feito pelos fãs. MJIFC, não? Eu tinha acabado de comprar meu primeiro computador. Pedia para minha mãe entrar no site no trabalho e salvar as notícias em um disquete. Oh, coisa boa, pela primeira vez na vida, notícias sem ódio, sem malícia. Ato contínuo, comecei a graduação e podia usar os computadores do laboratório da universidade. Demorava um século para uma foto carregar. Eu salvava todas em disquetes. Não tenho mais como abrir disquetes. Guardo todos em caixinhas até hoje.

Mas eu pulei um pedaço da história. Entre os 12 e esses 17, eu comecei a encontrar a pessoa por trás da máscara, da fedora, do óculos, da luva… do artista. Cheguei no colégio um dia e fui presenteada por uma colega. Eram umas páginas arrancadas de uma revista que traduziam uma parte da auto-biografia dele (é, todo mundo que me conhece me presenteia com coisas assim). “O céu não tem que ser pintado de azul, o desenho não tem que estar no centro da folha de papel”. Guardei essa frase até hoje. Precisava dizer alguma coisa a mais? Se precisava, ele disse no portão de sua casa, citando: “Minhas leis são as leis de Deus, vergonha a quem pensar mal disso”.

Não existia convenção social para esse homem. Costumes, nada disso o afetava. Ele era uma aberração mesmo. A imprensa sempre teve razão. Só uma aberração conseguiria ser tão trágica e dolorosamente individual. Se não era uma lei de Deus (a lei moral, para ele), não há regra neste mundo que ele não tenha violado. Na verdade, nem se tratava de violar. Elas simplesmente não existiam para ele. Por isso, ele estava tão fora do alcance da nossa compreensão. Olhar para ele era ter que encarar nossos limites. Por que somos como somos se não é necessário que o sejamos? Pois é, através dele é que descobríamos que não era necessário que o fossemos: “E se eu quiser colocar uma pinta aqui [ele dizia apontando para a testa], e se eu quiser um terceiro olho?” A gente teria que dizer: “É, você pode, eu é que não dou conta de tolerar isso”. Isso é que doía tanto em tantos. Isso é que o fazia tão odiado. Daí que eu fui aprendendo a razão de ser de tanto ódio contido naqueles meus primeiros recortes. O executivo da gravadora ordenava que ele tirasse fotos com alguma super-modelo, ele posava abraçado com o Mickey Mouse na Disney! Esse era o Michael. O único verdadeiro subversivo do pop. Por isso, o Peter Pan do Pop.

Não é que ele tivesse um intelecto infantil, fizesse beicinho e birrinha sem motivo. Nunca tive notícia de nada nesse sentido. Ele pregava a inspiração nas crianças, ao mesmo tempo em que esclarecia que não estava dizendo para fazermos criancices. Ninguém entendia! A criança dele era meio que um bom selvagem: a pessoa que ainda não foi determinada por convenções que soarão como dogmas instranponíveis, quando o próprio mecanismo da socialização tiver sido encoberto para nossos olhos.

Ele era o Peter Pan. Nós, sua legião de fãs, os garotos perdidos. Elizabeth Taylor, sua Wendy (e eu que achava que ele é quem sofreria a morte dela). No fundo, todo mundo sabia como a história terminaria. Peter não pode crescer. Os garotos perdidos têm que crescer. Eles se separam no final. Peter volta sem eles para Neverland. Mas a visita de Peter em nossa janela à noite, nossa temporada na Terra do Nunca… nada foi em vão. Nós ficamos, ele se foi, envelheceremos, ele não! Mas será que cresceremos mesmo? Mentira! Só guardaremos as aparências. Antes de partir, ele ensinou o essencial: “Neverland é um lugar na mente”. Aquele que ele construiu na matéria era só um modelo sensível para a gente entender a idéia regulativa. A vida dele era também um modelo sensível dessa idéia regulativa. Agora a gente entendeu. A missão dele está cumprida. Podemos ficar para sempre na Terra do Nunca…

Fonte:
Falando de Michael Jackson

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

As piadas sobre os poloneses irritavam Michael Jackson - Jolanta Tourel



"Michael era dolorosamente modesto e sentia que tinha uma missão na vida", conta Jolanta Tourel à TV N24. Ela revelou uma conversa gravada com Jackson, em que o artista diz que queria "dar à Polônia classe e honra."

Jolanta é Presidente do World Trade Center de Varsóvia - um membro do mundial World Trade Centers Association - uma organização apolítica que colabora estreitamente com os ministérios e agências governamentais que se dedicam à promoção do comércio e das exportações.

Michael tinha planos de construir um parque de diversões na Polônia com o envolvimento de artistas em outros investimentos. 

Michael teria dito a Jolanta que as piadas que ouvia a respeito dos poloneses o irritavam, e ele as derrubaria e ajudaria a trazer classe e honra à Polônia.

"Quando eu perguntei-lhe sobre questões relativas à sua vida privada, ele respondeu: "tudo o que tenho a dizer está em minhas canções." A maioria das letras de suas canções foram escritas por ele mesmo. Quando lhe perguntei porque ele passa tanto tempo com as crianças, ele me respondeu que a ideia era mudar o mundo. Ele disse que conversar com as crianças pode influenciar o futuro deste mundo, e os adultos não podem mudar, porque eles já estão 'programados'. Ele compreendia bem a mentalidade das crianças."

Jolanta contou sobre seu encontro com Jackson em Paris, onde pôde ver como ele se preparava para o palco: 

"Pouco antes do show, Michael Jackson, juntamente com todos os músicos de sua banda, se davam as mãos e oravam, cada um à sua maneira e se concentravam."

Em sua opinião, Michael era muito aberto e interessado na História da Arte e Cultura: "Quando eu falei em polonês, ele perguntou a seu amigo, o Professor Kwiatkowski, que falou com ele sobre o estilo Barroco."

Michael no Palácio Wilanów - Varsóvia 

Com o Professor Kwiatkowski 

Ela acrescentou que Michael também estava interessado em todas as realizações técnicas: "Muitas vezes, Jackson chamava o meu marido no meio da noite com ideias diferentes para debater."


Fontes:
http://www.tvn24.pl/1,1608276,druk.html

http://cartasparamichael.blogspot.com.br/2012/05/jolanta-tourel.html#more
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