Jackson não só gravou, como compôs várias músicas de conteúdo humanista e empunhou a bandeira humanitária que pautou sua vida nos últimos 25 anos: A face coerente de um homem-astro que a mídia não se interessou em divulgar, pois o positivo não dá Ibope nem vende jornais.
Após sofrer acidente com queimaduras por fogos de artifício durante as gravações de um comercial da PEPSI, em 1984, Michael recebeu uma indenização de US$ 1,5 milhão, integralmente usados para a criação do Michael Jackson Burn Center, um centro de recuperação para crianças vítimas de queimaduras. Foi para esse centro que ele comprou a câmara de oxigênio e se deixou fotografar dentro dela.
No mesmo ano, os lucros da turnê “Victory Tour”, ainda cantando com seus irmãos, foram totalmente doados para instituições de caridade.
Em 1992, gravou Heal the World (cure o mundo), mesmo nome da Fundação que criou para gerenciar campanhas humanitárias encabeçadas por ele. Em fevereiro, durante coletiva no New York Radio City Music Hall, em Nova York, Michael anunciou uma nova turnê mundial para arrecadar dinheiro para a fundação, que combatia a propagação do HIV, o diabetes juvenil e apoiava outras fundações, como a Ronald McDonald e a Make a Wish. Todo o lucro da World Dangerous Tour, que quebrou todos os recordes de vendagem, de execução e de público, foi doado à instituição.
No ano seguinte, na cerimônia da posse do presidente Bill Clinton, cantou Gone too soon (Acabou tão rápido), também de sua autoria, chamando a atenção do mundo para a questão das vítimas do HIV, assunto que, àquela época, ainda era tabu no mundo.
Em 1994, doou US$ 500 mil à fundação que leva o nome da amiga, a Elizabeth Taylor’s Aids Foundation. Mais do que ajuda financeira, Jackson levava o conforto da sua presença em visitas secretas a hospitais e orfanatos, e mantinha quartos com equipamentos hospitalares em seu rancho, na Califórnia, para que crianças em estado terminal pudessem visitá-lo, por acreditar que a alegria ajuda a amenizar a dor.
Além de doar milhões para as vítimas e transportar 46 toneladas de suprimentos a Sarajevo (1994), local devastado por guerra, Michael também doou US$ 120 mil para pagar o transplante de fígado a uma criança abandonada em orfanato.
Após sua segunda visita à África e seu encontro com Nelson Mandela, Michael convocou cerca de 40 artistas de renome no mundo da música para a gravação de um compacto e um clip com todos os direitos autorais cedidos à ajuda humanitária contra a fome naquele Continente. We are the world (nós somos o mundo), composição sua em parceria com o amigo e compadre Lionel Ritchie (letra de Michael, piano de Lionel), angariou cerca de 50 milhões de dólares para as vítimas da fome na África.
They don´t care about us (eles não se preocupam conosco) fala da violência da polícia e dos poderosos contra os pobres e os povos de outras raças. Esse clip foi gravado em várias partes do mundo de maneiras diferentes. No Brasil, em 1996, Michael gravou na favela do Morro Dona Marta, Rio de Janeiro; e no Pelourinho, em Salvador, acompanhado pela banda “Olodum”. Novamente, todos os direitos autorais de Michael, que produziu e bancou o projeto sozinho, foram cedidos para causas humanitárias, principalmente na Índia e na Nova Zelândia.
Michael & Friends foi outro projeto humanitário que consistiu em uma série de concertos beneficentes, dentro dos territórios americano e europeu, com a participação de vários artistas famosos, durante todo o ano de 1999.
A ação de Jackson ia além de cantar e assinar cheques de doações. Discursava pelo mundo todo, exortando pessoas comuns e pessoas poderosas para a miséria do Planeta (Man in the Mirror, Heal the World, Can You Feel It, You’re not alone, The lost Children, Little Susie), para a infância roubada às crianças (Childhood), para os abusos contra a natureza (Earth Song), para a violência generalizada (They dont care about of us), para o racismo e para o preconceito (Black or White). Exortava, inclusive e principalmente, o seu próprio País, os Estados Unidos.
Em 2000, Michael Jackson foi eleito o “Artista do Século” e o “Artista do Milênio”, deixando para trás ícones como Elvis Presley, Frank Sinatra, The Beatles, e outros. No mesmo ano, entrou para o Guiness World Records por ser o maior mantenedor de organizações humanitárias do planeta. Em 50 anos de vida e 44 de carreira, foi o único na história a receber 13 inscrições no Guiness World Records.
No Rancho Neverland, além da residência pessoal, Michael mantinha um parque de diversões completo, um mini-zoológico, salão de jogos, várias piscinas naturais, uma enorme mesa com oitenta assentos ao ar livre, quartos especiais para crianças enfermas, etc. Semanalmente, seus furgões saíam na periferia pobre de Los Angeles para recolher crianças carentes (junto com um acompanhante) e levar para o Rancho, onde passavam o dia brincando, se alimentavam, ganhavam brinquedos e eram levadas de volta para suas casas. Crianças da Fundação Heal the World, crianças de rua... Todos brincavam e comiam juntos. Segundo o jornalista britânico Jonathan Morgallis, milhares de crianças visitavam o Rancho anualmente.
“United we stand: What more Can I give?” (Estamos unidos: o que mais eu posso dar?) é uma canção composta por Jackson para ajudar as vítimas dos ataques de 11 de setembro, nos Estados Unidos, em 2001. Foram arrecadados cerca de dois milhões de dólares através da venda de mais de 46 mil ingressos para três concertos beneficentes. O mesmo se deu por ocasião do tsunami ocorrido na Ásia, em dezembro de 2004. Nessa época, Michael estava doente, enfrentando um duro processo judicial, mas não se furtou em passar dias em um estúdio, gravando uma música junto com os irmãos, para arrecadar fundos às vítimas daquele horrível desastre ecológico. Em agosto de 2005, foi a vez do socorro às vítimas do furacão Katrina, na Califórnia.
Discursou para os acadêmicos da Universidade de Oxford, em 2002, no lançamento da Fundação Heal the Kids (cure as crianças), da qual Nelson Mandela foi um dos conselheiros, e cujo objetivo era uma campanha mundial exortando os pais a passarem mais tempo útil com seus filhos. Para Jackson, o mal do mundo estava na falta de amor e atenção às crianças – desamor do qual ele foi uma grande vítima.
Como último legado de COERÊNCIA com o seu nível de Ser e com a missão que desenvolveu na Terra, Michael deixou, em testamento, 20% de todo seu patrimônio para instituições de caridade que cuidam de crianças.
Esse texto não traz a intenção de saudosismo ou endeusamento, mas uma expressão de justiça e reconhecimento de um ser humano honesto e trabalhador que teve sua vida pessoal e sua carreira estilhaçadas pela imprensa sensacionalista e pela omissão da imprensa séria. A Imprensa matou Michael Jackson várias vezes.
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