O timbre vocal (clássico) é dividido em Spinto (soprano ou tenor de peso intermediário, ou seja, cantando com certa força, para os leigos), contralto, barítono. Na música contemporânea, Michael seria classificado como um alto teor (alcance bem alto).
Tecnicamente, Michael Jackson tem uma das melhores vozes da música contemporânea. Sua primeira vantagem é a velocidade natural de sua voz, bem como, a adequação de suas cordas vocais, que lhe permitem oscilar entre subir e descer de forma muito rápida, o que também permite que ele faça o seu soluço vocal sem engolir sua laringe! Ele tem a habilidade de cantar em staccato (soluços no meio da frase ou palavra), e cantar ritmos complexos no tempo perfeito. O melhor exemplo disto está na faixa-título de seu álbum de 1979, Off The Wall.
Michael possui um 4 oitavas vocais. Um piano é dividido em oitavas, uma oitava é, C, D, E, F, G, A, B, C, repetindo toda a sequência em seguida, com a mesma nota, cada vez mais agudo. (Christina Aguilera tem um 3 e um intervalo de meia oitava, Whitney 3, Freddie Mercury, 3 e meia. Mariah Carey afirma ter 5).
Sua voz vai de dois E abaixo de meio C (meio do teclado), para dois Bs acima da média C, ou 44 notas. Esta é uma variedade extremamente rara entre os cantores adultos masculinos. Basicamente, Michael é capaz de alcançar oitavas, que outros tenores não podem alcançar, com a sua voz natural (sem sussurrar falsetes). Sua voz não é *falsete, como muitos acreditam. Claro, MJ faz uso de falsete, mas esse é o intervalo de notas que ele pode cantar com sua *voz de peito. Se você ouvir ‘Butteflies’ Acapella, você pode ouvir que todas as notas altas estão na voz de peito (cantadas com força) e não falsete (de levinho, sussurrado). “Don’t Stop ‘Til You Get Enough”, no entanto, é falsete. A confusão que há entre o falsete de Michael e a sua voz de peito é devida ao fato de que o topo de alcance da voz do Michael é muito perto do início do seu falsete (um começa onde o outro termina, não há grande intervalo entre eles).
Voz de peito = a potência da voz vem do peito.
Voz da cabeça = a potência da voz está na cabeça (mais especificamente, no nariz a – voz anasalada).
Misturadas = voz mista.
Falsetto (falsete) = Somente as bordas muito exteriores das cordas vocais são usados em falsete. Em vez de empurrar todo o ar através das cordas vocais a uma centena de km por hora, o falsete utiliza muito pouca pressão, e tem mais a ver com o espaço minúsculo por onde o fluxo de ar passa. Seria como puxar o bico de um balão em duas direções opostas para sair o som “fininho”.
Vibrato = Quando a voz vibra. Michael foi um auto-didata em vibrato quando era criança, e o dominava (ver as “tremidinhas” da voz em “Never Can Say Goodbye” a capela
e também “Who’s Loving You”).
Michael e Freddie Mercury têm sido citados como alguns dos cantores mais talentosos da idade moderna. Embora o intervalo de alcance da voz do Michael seja maior que o de Mercury, Michael não costumava exibir o seu potencial de voz. Freddie Mercury utilizava toda a sua extensão de voz para causar grandes efeitos, enquanto o Michael, propositadamente, guardava a voz, dependendo da música. Eram estilos diferentes.
Em “Billie Jean”, Michael provavelmente usa em torno de 2 e meio, talvez 3 das oitavas que ele possui, porque é isso que a música exige. Em ‘The Wiz’, ele canta “You Can’t Win”, e é neste ponto que o seu alcance vocal é mais ouvido, bem como em “Who’s Loving You”. Sua voz atinge as notas mais baixas e mais altas naquela canção. Essa variação da voz de Michael também é ouvida no aquecimento de voz com Seth Riggs.
Houveram boatos de que Michael e Pavarotti iriam fazer um dueto juntos. Se tivesse acontecido, esse dueto teria sido uma boa oportunidade para mostrar a verdadeira flexibilidade da voz de Michael ao máximo.
“Uma coisa estranha sobre Michael Jackson é que ele tem uma voz totalmente espetacular, mas ele não sente a necessidade de nos surpreender com ela. De forma alguma. Sua técnica preferida para transmitir paixão é usar palavras. Nas suas músicas dançantes, sua voz parece tão dura (seca) e compacta quanto a percussão, reduzindo-se a fragmentos gelados do que é. Quando ele canta em estilo gospel, ele deixa estes arranjos em uma mixagem mais baixa, como em um segundo plano, enquanto a batida ou os vocais mais simples são o centro das atenções. Ou ele apenas coloca sussurros em destaque, enquanto vai escalando os outros arranjos à distância.” – Frank Kogan, crítico de música.
“Michael é sem dúvida um dos melhores músicos e vocalistas com quem eu já gravei. E, oh, ele é um homem de detalhes. Por exemplo, ao gravar, ele traz seu preparador vocal e aquece a voz por 2 horas antes de ficar à frente do microfone! Sim, ele faz isso durante um ou dois takes. Eu trabalhei com Michael durante quase 25 anos, e sempre foi assim. Ele é definitivamente dedicado e é o músico dos músicos. Outro exemplo, estávamos no estúdio e de repente eu ouvia “clank, bang, clank, raspar”, quando ia ver, era ele movendo os objetos ao redor da sala para mudar a acústica!” – Bruce Swedien, novembro de 2001.
Existe uma única prova de que Michael também usava sua voz de soprano clássico, em “Who Is It”, exibindo seu talento em diferentes estilos vocais. No início da música, antes da batida começar, há uma nota muito clara, que soa quase como um instrumento, ou um coro clássico. Com a ajuda de Linda Harmon… É o Michael! Pegue seu fone-de-ouvido e vá ouvir a música… Você pode ligeiramente distingui-lo de Linda.
Foi dito que a Motown forçou Michael a cantar no seu limite, especialmente porque sua voz estava se desenvolvendo. Em função disso, ele manteve uma série de notas altas, mesmo após a sua voz ter se consolidado. E então, conforme ele ficou mais velho, sua voz ganhou notas mais baixas, dando-lhe a faixa de 4 oitavas.
Fontes:
Texto de Rui Moraes postado por sua amiga Liss Ribeiro