Eis um grande desafio posto à minha frente.
Como descrever um espetáculo, sem quebrar-lhe o encanto?
Tentarei então, da melhor forma possível, contar o que foi, sem contar como foi.
Descreverei, sem revelar os mágicos segredos, a
“Michael Jackson Immortal World Tour by Cirque du Soleil”.
Que fique para o leitor que ainda não assistiu,
o rico encantamento da sua própria imaginação.
“Eu creio que todas as artes tenham como um último objetivo a união entre o material e o espiritual, o humano e o divino.
Eu acredito ser essa a razão da existência da arte.
E eu sinto como se fosse um instrumento… apenas para dar música e amor, harmonia ao mundo. Para crianças de todas as idades, adultos e adolescentes”. (Michael Jackson)
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Eu já tinha assistido uma primeira vez, há alguns dias atrás. Mesmo sozinha, no entanto, me senti em casa, tão familiar me eram todas aquelas histórias e pela enorme sintonia de alma com as pessoas presentes. Confesso que saí deslumbrada.
Hoje era bem diferente. Seria ainda melhor, por impossível que pareça que algo tão perfeito possa vir a melhorar. Eu estava com minhas amigas e isto tinha um significado muito especial. Não sentamos lado a lado. Nos dispersamos pela platéia, duas em um setor, duas no outro. Eu não havia contado nada pra elas, pra que tivessem as gratas surpresas que eu tive.
A primeira delas foi aquele clima “Michael Jackson’s fans ” por toda aquela ala do Mandalay Bay Hotel . Pessoas vindas de todas as partes do mundo; caracterizadas ou não; crianças, jovens, idosos, brancos, negros… a mais completa diversidade!A abertura já foi algo comovente… Os portões de Neverland abriram um mundo fantástico, um mix de magia, talento, sensibilidade, tecnologia, luzes, sons, efeitos diversos, coreografias magníficas, artistas com performances impecáveis, e tudo mais que eu não consigo descrever. Childhood trouxe a infância roubada do menino na janela e os seus mais belos sonhos. E põe sonho nisso… Pense em carrosséis, balões coloridos e as mais doces surpresas. É ainda mais!!!
Eu ali bem pertinho, num local muito privilegiado, via os artistas se acocorarem no pé do palco, se preparando para a entrada. Às vezes, vinham ao nosso encontro cumprimentar (não tive essa felicidade, mas chegavam bem próximos, interagindo com o público).
Como eu podia ver de perto e de frente os olhos dos artistas, aproveitava para mirar bem, com um sorriso de gratidão. Pensei que, em algum momento de seus shows, Michael podia ter encontrado um olhar que lhe transmitisse gratidão e confiança e procurei fazer com os artistas o que faria se cruzasse com o olhar dele. Fui grata. E, por vezes, algum deles me fitou e eu abri aquele sorrisão.
E Childhood mexeu com as emoções, trazendo lágrimas.
Mas tudo era bem dosado, alternando momentos de profunda delicadeza e sensibilidade com outros alegres, divertidos. Bem como o nosso Michael.
Impossível não pensar no quanto ele ficaria feliz se tivesse tido essa homenagem em vida…
Não sou crítica musical nem expert em dança, mas achei muito perfeito: sincronia, marcação, ritmo, respiração, inspiração, contato visual com o público, presença de palco e tudo o mais.
As músicas foram escolhidas a dedo e, nessa difícil tarefa de seleção, representaram bem o legado artístico de Michael.
Mas o que mais me surpreendeu é que homenagearam o homem todo: o menino prodígio, o jovem inquieto que mudou o mundo da música (só da música?), o cantor, o dançarino, o pai, o Peter Pan, o humanitário. Aliás, o coração bondoso de Michael foi bem enfatizado em diversos números. Deu ainda mais orgulho dele e foi bom saber que muitos que não conheciam essa faceta de MJ agora terão a oportunidade. Não deixaram de lado também o lado crítico/político que surgiu em muitas músicas, bem como o homem preocupado com a natureza.
O público pulsava junto com o elenco: chorava (eu já não era mais a única), ria em gargalhadas frouxas, se encantava, surpreendia-se como meninos que veem magia.
Toda Neverland estava lá: a “giving tree”, o parque de diversões, o zoológico, as crianças doentes que eram lá hospedadas, o trenzinho, as flores no caminho, as estátuas, as luzes, as cores, os sons, os sabores, a magia, a fantasia, os sonhos… novamente os sonhos…
Toda a alegria contagiante de Michael Jackson estava lá: um medley dos J5, Dance Machine, Shake Your Body e outras músicas bem dançantes.
Toda a sensualidade única dele também estava representada nas rebolantes Workin’ Day And Night , Wanna Be Startin’ Somethin’ e na insinuante Dangerous.
O “gentleman” também não faltou em baladas como You Are Not Alone e I Just Can’t Stop Loving You.
A consciência ecológica, a crítica à sociedade hipócrita e o grito contra a mídia sensacionalista aparecem em Earth Song, They Don’t Care About Us e Screem.
Os clássicos Thriller, Billie Jean, Black or White também são interpretados com maestria.
A voz infantil que conquistou o mundo agora cala a todos em quadros impressionantes, ao som de I’ll Be There e Ben.
E a voz do homem surgem em todos os momentos, em frases, partes de entrevistas, gargalhadas. Que saudade!
E Smooth Criminal traz um Michael perseguido pela mídia, numa clara referência ao sofrido tempo das alegações.
Toda uma vida ali estampada. Um homem, um gênio, um artista retratado como nunca.
Mais deste espetáculo aqui .
Irleide de Souza
Enviado por Irleide de Souza em 02/05/2012
Reeditado em 02/05/2012
Código do texto: T3646321