sexta-feira, 11 de maio de 2012

Palavras de Michael sobre sua performance na Motown 25th


"No dia 16 de maio de 1983, eu dancei Billie Jean em um programa de TV em homenagem ao vigésimo quinto aniversário da Motown. Cerca de 50 milhões de pessoas assistiriam ao show. Depois disso, muita coisa mudou.
Devo admitir que tiveram que me convencer a fazer essa performance. Fico feliz que tenha dito sim, porque o show produziu os mais felizes e orgulhosos momentos de minha vida.
No início eu disse não. Me pediram para me apresentar como membro do The Jacksons e um solo de dança. Mas nenhum de nós era artista da Motown. Eu disse aos meus empresários e à Motown, que não queria aparecer na TV. Minha atitude pra TV era negativa. Houve enormes debates entre eu e meus empresários...
Reuni meus irmãos e ensaiamos para o show. Trabalhei bem com eles, foi legal, um pouco parecido com os antigos dias de Jackson 5. Eu os coreografei e ensaiei por dias em nossa casa em Encino, filmando cada ensaio para assistir depois. 
No dia seguinte liguei para a minha produção e disse: "por favor me arranje um chapéu de espião, tipo um fedora, algo que um agente secreto usaria". Eu queria algo sinistro e especial, um chapéu bem estiloso. Ainda não tinha uma ideia concreta do que fazer com Billie Jean...
Durante as sessões de Thriller, eu achei uma jaqueta preta e pensei, "quer saber, um dia ainda vou usar isso em uma performance". Era tão perfeita e tão show business que acabei usando no Motown 25.
Mas uma noite antes da gravação, ainda não tinha ideia do que fazer no numero solo. Fui pra cozinha da casa e toquei Billie Jean. Estava lá sozinho, uma noite antes do show. E eu fiquei ali parado, escutando o que a música me mandava fazer. Eu deixei a dança se criar sozinha. Eu ouvi a batida vindo, peguei o chapéu de espião, fiz uma pose e bati o pé, permitindo que o ritmo Billie Jean criasse os movimentos. Me senti forçado a deixar se criar sozinho. Não dava pra evitar.
Eu pratiquei o Moonwalk por um tempo, e compreendi na cozinha que finalmente eu faria o Moonwalk no Motown 25.
No dia da gravação, a Motown estava apressando tudo. Atraso. Assim, fui lá e ensaiei sozinho. Eu pedi um favor a Nelson Hayes. "Nelson - depois que acabar o numero com meus irmãos e as luzes escurecerem, joga o chapéu pra mim no escuro, vou estar no canto, perto da saída do palco falando com o público, mas você vai devagar lá atrás e põe o chapéu na minha mão".
Assim que meus irmãos e eu terminamos a apresentação, eu andei até o lado do palco e disse: "Vocês são lindos! Eu gostaria de dizer que aqueles sim foram os bons velhos tempos; foram bons momentos; todos meus irmãos, inclusive o Jermaine. Mas o que eu gosto mesmo" - e o Nelson colocando o chapéu na minha mão - "são das músicas novas". Eu virei e peguei o chapéu e parti pra "Billie Jean"; Num ritmo pesado; dava pra dizer que as pessoas estavam gostando. Mas eu só me lembro de abrir os olhos no fim e ver esse mar de gente levantando e aplaudindo. Entrei em conflito com minhas emoções. Sabia que tinha dado o melhor e me senti bem. Muito bem. Mas ao mesmo tempo estava decepcionado. Havia planejado de dar um belo giro e parar na ponta dos pés, suspenso por um momento, mas não fiquei tempo o bastante. Eu fiz o giro e parei em uma ponta só. Eu queria ficar ali, congelar, mas não funcionou como eu queria.
Nos bastidores as pessoas me parabenizaram. Estava desapontado por causa do giro. Me concentrei tanto e ainda por cima sou perfeccionista! Mas ao mesmo tempo, esse era um dos momentos mais felizes da minha vida. Eu sabia que pela primeira vez, meus irmãos puderam ver do que eu era capaz, como eu tinha evoluído. Depois da performance cada um deles me abraçou e me beijou nos bastidores. Nunca tinham feito isso antes, e me senti feliz por todos nós. Foi tão lindo quando eles me beijaram! Eu adorei! Todo mundo se abraçou. Minha família toda se abraça muito. Com exceção do meu pai. Ele é o único que não pratica. Toda vez que nos vimos, nos abraçamos, mas quando me beijaram naquela noite me senti abençoado por eles. 
Ainda estava me roendo com aquela performance, e não estava satisfeito, até um garotinho aparecer nos bastidores. Ele devia ter uns 10 anos e estava de terno. Ele olhou pra mim com os olhos brilhando, estático, e disse; "cara, quem te ensinou a dançar assim?" Eu meio que ri e falei. "Treino, eu acho". E o garoto ficou olhando pra mim, pasmo. Eu fui embora, e pela primeira vez na noite, senti que tinha atingido o meu objetivo. Eu disse a mim mesmo que devo ter ido muito bem porque crianças são sinceras. Quando aquele menino disse o que disse, eu senti de verdade que tinha feito um bom trabalho. 
Fiquei tão mexido com a experiência toda que fui pra casa e escrevi tudo o que havia acontecido na noite. Minha escrita terminou com o encontro do menino: "Você é um dançarino animal''. Foram tantos elogios que eu até fiquei vermelho."



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