"Michael não estava com medo de ser masculino e feminino em suas letras, sua voz, sua dança e seus filmes. Ele se identificou fortemente com a escuridão e a lua, ambos princípios do Feminino Divino."
Vivemos em um mundo de dualidade. Dualidade significa simplesmente que, se algo é isso, então não pode ser aquilo. Se não for isso, então deve ser o outro: o oposto. Se não for para cima, deve ser para baixo, se não está dentro, então está fora, se você não está certo, então você deve estar errado, é preto ou é branco. As coisas tendem a ser polarizadas em nosso mundo.
O mundo da polaridade configura competição, ciúme, classismo, racismo e todos os outros ismos do mundo. Ou você é um de nós ou você não é. O princípio masculino é ativo, enquanto o princípio feminino é passivo. O ser humano tem características de ambos os princípios, porém um é mais sufocado em favor do outro.
A Natureza expressa a ambos, até que os humanos mexam com o equilíbrio. E o desequilíbrio se reflete na abordagem da natureza e da cultura. Dualidade é um estado fora de equilíbrio.
Os assuntos do sexo masculino tem sido tradicionalmente identificados com a liderança: o provedor e protetor. E as mulheres têm sido associadas com a maternidade e a manutenção da casa. Ao mesmo tempo, as mulheres não podiam votar, trabalhar fora de casa, ir a lugares públicos sem escolta, ser líderes, políticos ou ter propriedade.
Os direitos das mulheres são relativamente novos na cena. A Igualdade para as mulheres começou, de fato, a menos de meio século atrás com o Movimento da Mulher. Em alguns lugares do mundo, as mulheres ainda são oprimidas.
Alguns homens ainda tem fobia de ser identificados com qualquer coisa "feminina". A resistência é valorizada na masculinidade. Bill Cosby foi um dos primeiros homens a adotar um tipo diferente de figura do pai e chefe de família. Mais e mais homens estão encontrando uma forma de permitir a expressão do seu lado feminino.
Quando você olha para o trabalho de Michael Jackson, você encontrará muitas referências ao Feminino Divino. Na era Bad, ele examina e disseca a agressão masculina e seus efeitos. Ele se coloca lutando por uma questão de postura e põe o machismo sob um microscópio. "O mundo inteiro tem que responder agora só para te dizer mais uma vez... Que é bad." É uma referência paralela para todo o mundo refém do aspecto masculino.
Em Beat It, ele se posiciona entre duas gangues, e aponta as "diferenças" como a causa das brigas e como esta disputa pode conduzi-los por uma estrada perigosa, cujo final é a morte. Ele pede-lhes para conciliar dentro de si, para irem embora, irem embora, (beat it, beat it) porque ninguém quer ser derrotado. Se você não luta, não há derrota.
Em Black or White, Michael diz que não importa. Você não tem que ser isto ou aquilo. Identificando-se com um - ou a mentalidade ou o racismo, que é um princípio masculino da exclusão, não irá funcionar se você quiser ser minha garota ou meu irmão (be my baby or be my brother). Michael diz: Eu não vou passar minha vida sendo uma cor.
O conceito de unidade, a igualdade, a indiferença racial, inclusão, a família, a fraternidade, nós no lugar de eu, o cuidar das crianças, a lembrança e o respeito por toda a forma de vida é o Princípio do Feminino Divino em ação e é encontrado em todo o trabalho de Michael.
No vídeo Remember the Time, Michael não só olha para um momento em que o feminino tinha mais poder do antigo Egito, como ele também escolheu a cultura mais antiga e duradoura na Terra para a configuração deste filme. O Egito é rico em mitologia espiritual, mistério e misticismo: todos estes, são princípios femininos.
Diz-se que O homem teme o tempo, mas o tempo teme as pirâmides. Michael transmite e encarna completamente o Feminino Divino em seu figurino, aparência e dança. O pássaro na cabeça do faraó, que causou um pouco de humor e preocupação com Eddie Murphy, é o símbolo para a mãe Maat, a Deusa Mãe Divina Feminina do Egito.
Scared of The Moon: Michael encomendou esta obra à artista Céline Lavail, observando que desejava a presença da lua e a noção de mistério.
Michael não estava com medo de ser masculino e feminino em suas letras, sua voz, sua dança e seus filmes. Ele se identificou fortemente com a escuridão e a lua, ambos princípios do Feminino Divino. Michael Jackson, através do seu trabalho, estava fazendo sua parte para trazer as energias masculinas e femininas de volta a um mundo que tinha perdido o equilíbrio. Michael foi um grande professor e um mestre da sugestão subliminar.
Ele ensinou sobre o Feminino Divino, consubstanciado em seu trabalho, em sua voz e em si mesmo. Michael não teve medo de chorar ou expressar emoções. Ele promoveu a não-violência, o modo de Gandhi, Martin Luther King e outros grandes líderes. A mensagem é: não há problema em ser um homem sensível, está Ok para sentir, está Ok para chorar.
Muitos homens não entendiam como as mulheres achavam Michael tão atraente, magnético e sedutor. Ameaçados pela ousada sensualidade/sensibilidade de Michael, eles declaravam que ele devia ser gay! Michael não era gay e ele manteve a sua sexualidade e vida íntima privada, como deve ser.
Eu suspeito que a razão pela qual muitas mulheres ao redor do mundo, foram tão atraídas por Michael, era porque ele expressa seu lado feminino através da sua sensibilidade e do seu trabalho, enquanto expressa o seu lado masculino sensual com figurinos de couro e fivelas e seus movimentos de dança.
Michael foi, magistralmente, os dois ao mesmo tempo: uma encarnação do Masculino Divino e do Feminino Divino, o guerreiro espiritual em ação.
Fonte: trechos do txt original 'Michael Jackson and the Divine Feminine'